Como é que foi possível o acesso ao topo da Torre Vasco da Gama ter estado encerrado durante tantos anos? Um facto difícil de compreender numa Lisboa tão virada para turistas, sobretudo quando se volta lá ao cimo, a 145 metros de altura, cerca de 25 anos depois, e se tem aquela vista sobre a cidade. Foi um dos ex-libris da Expo 98, e há cerca de um mês, após um investimento considerável, o espaço voltou a abrir. E melhorado, com um bar e sofás confortáveis para degustar com calma as vistas e os cocktails.
O bar Babylon 360º está lá bem no topo do edifício mais alto do país, numa fração daquele espaço em forma de rodela. Antigamente, era um miradouro a céu aberto com paredes de betão e uma rede para impedir que os visitantes se debruçassem. Agora, foi tudo recuperado e decorado num projeto do arquiteto Nuno Rodrigues (o mesmo do restaurante Fifty Seconds by Martin Berasategui, que funciona na torre, mas a 120 metros de altura, e que tem uma estrela Michelin).
Com cores que variam entre o verde do jardim vertical natural, os castanhos da madeira e os beges dos sofás e cadeiras, vir aqui durante o dia - com toda a luz solar que passa pela cúpula transparente a fazer lembrar um favo de mel - ou à noite são experiências completamente diferentes.
Os cocktails são inspirados nas especiarias vindas do Oriente, recuando à história da torre, que se ergueu para celebrar os 500 anos da descoberta do caminho marítimo para a Índia por Vasco da Gama. Além dos clássicos, há 12 propostas exclusivas criadas nessa premissa de realçar as especiarias, todas a 17 euros.
O Dhanibee é um dos que têm mais saída, com sabor longo, refrescante e cítrico, à base de gin, sementes de coentros, folha lima kaffir e flor de laranjeira. O Kukee, outro êxito entre os visitantes do primeiro mês de atividade, com rum, biscoito de gengibre e limão, é curto, cítrico e especiado. Já o Gulaabee, à base de tequila, pimenta rosa, flor de sabugueiro e espumante, é seco e aromático mas refrescante. Basta dizer que género de bebida prefere que o bartender o orienta na difícil tarefa de escolher. A acompanhar, como aperitivo, não perca os deliciosos cogumelos shitake perfumados com amêndoas fumadas.
O Babylon 360º - tal como a torre - está aberto todos os dias. Para lá chegar, é só entrar num dos dois elevadores situados à esquerda da entrada para o hotel Myriad by Sana. Bastam 55 segundos para subir aqueles 145 metros e 10 euros (antes das 18h00) ou 15 euros (depois dessa hora, mas com direito a converter esse valor em bebida). E a primeira vista que se tem é para o rio Tejo e para a margem sul. Circulando pelo espaço, uma visão a 360º desde oriente, com o local onde vai acontecer a Jornada Mundial da Juventude, a ocidente, com todo o Parque das Nações e, mais ao fundo, um pouco da ponte 25 de Abril e até, bem pequenino, o Cristo Rei.
"Não queremos que se apresse, queremos precisamente o oposto, queremos que fique e aprecie. Descubra a paisagem", lê-se na primeira das 38 mensagens a que se tem acesso através do QR Code colocado em cada uma das janelas. Em cada um, poderá ficar a saber um pouco mais sobre o que vê, mas também - e especialmente útil para os turistas estrangeiros - sobre o que ainda há para descobrir e aproveitar. Em Lisboa, mas não só. Há recomendações turísticas, notas históricas de contextualização e informações.
E há também informações sobre a própria Torre Vasco da Gama, que albergou durante a Expo o pavilhão da União Europeia e que chegou a ter, até 2001, um restaurante de luxo no topo. Em 2012, o edifício ganhou nova vida com a construção do hotel de 5 estrelas Myriad by Sana (não parece, tal a harmonia, mas este situa-se num edifício separado). Mas foi preciso esperar até 22 de maio deste ano - precisamente 25 anos após a Expo 98 - para se voltar a ter acesso à melhor vista de Lisboa. Agora, com a possibilidade de desfrutar com calma enquanto bebe um cocktail.