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A primeira vez num Michelin: “São bocadinhos pequeninos, mas são muitos e uma pessoa fica feliz”

05/03/2023

É uma felicidade apanhar Martín Berasategui no seu restaurante em Lisboa – e não é que na sua ausência a cozinha não esteja bem entregue. Pelo contrário, Filipe Carvalho toma conta da casa como ninguém. O chef português vive para isto, tal qual Berasategui. Mas é uma felicidade por não ser habitual. O chef espanhol com mais estrelas Michelin – 12 no total –, não anda sempre por cá, mas Dália e Fernando Soromenho conseguiram encontrá-lo no restaurante do topo da Torre Vasco da Gama. Poder-se-ia dizer que foi uma coincidência, mas não: o casal já tinha recebido o chef no seu restaurante em Alcácer do Sal, o Porto Santana. Já foi há algum tempo, mas o encontro está marcado até hoje.

 

“Como estás? Tudo bem? Disseram que se vos tratar mal, mandam-me embora”, brinca o chef espanhol quando se aproxima da mesa para cumprimentar Dália e Fernando. “O restaurante é muito bonito”, diz Dália, maravilhada com a sala panorâmica do Fifty Seconds. “Vocês é que são bonitos”, responde depressa Berasategui, de jaleca vestida. “Quando é que volta ao restaurante lá em baixo?”, quer saber a cozinheira. “Quando me levarem. Esta noite? Sabem que gosto muito de vos ver aqui”, continua o chef, infelizmente com pouco tempo para estar à conversa, por ter de apanhar um avião para regressar a Espanha. “Eu estou muito feliz por estar aqui”, diz Dália, ainda antes de a experiência arrancar. “Muito obrigada. Um beijo forte a toda a equipa e a toda a família”, despede-se Berasategui, não sem antes soltar um “garrote!” para toda a mesa – uma expressão muito sua e que não é mais do que “atitude, positivismo, somar e multiplicar e nunca subtrair”, explicava-nos antes.

 

“Ele é muito simpático e o que nos reconfortou foi que, quando lá foi, fizemos a pergunta sobre o que achava que devíamos mudar e ele disse: não mude nada. É bom sinal. E comeu bem”, conta Fernando. “Vou ser honesta, gostei imenso, gosto que a minha casa seja frequentada por pessoas que gostem de comer, independentemente de ser A, B ou C”, acrescenta Dália, cozinheira de mão cheia, conhecida pela cozinha tradicional alentejana, mas também por petiscos como os torresmos, feitos apenas ao fim-de-semana. “Dá-me prazer que as pessoas digam: fui à Dália e comi bem.”

 

E isso é o que mais tem acontecido, o que parece ainda surpreender o casal, talvez por não ter sido esta a vida que escolheram. “Já há muitas pessoas que saem da autoestrada para ir lá comer, pessoas que estão na Comporta e vão lá”, diz entusiasmado Fernando.

 

Dália não é cozinheira desde sempre, apesar de Fernando garantir que sempre cozinhou bem, “depressa e bem” até. Fernando também não era na restauração que trabalhava, mas sim na banca. Nem sequer viveram sempre em Portugal: Fernando cresceu em França e tem dupla nacionalidade. “Mas às vezes há motivos da vida que dão a volta, não estamos à espera e temos de fazer alguma coisa. Cozinho desde que abri o restaurante, em 2004”, deslinda Dália. “Não tenho formação, mas dediquei-me a isto de corpo e alma e li muito, pesquiso muito. Tudo o que aprendi, aprendi sozinha. Nunca fiz workshops, nada.” Mas Fernando, que garante que o restaurante é todo da mulher – “eu sou reformado, nem me atrevo a dizer que sou patrão, sou marido da patroa” –, não a deixa sozinha: “Sempre leu livros de cozinha”. “E quando é feito com carinho e com gosto, isto transmite-se para o cliente”, defende o marido.

 

Apesar de viajarem e de serem bons comensais, esta é a primeira vez que os dois têm uma experiência num restaurante de topo como o Fifty Seconds. Chegaram mais cedo, ao ponto de precisarem de fazer um bocadinho de tempo, aventurando-se numa viagem pelo teleférico do Parque das Nações e não imaginando que só a subida de 50 segundos de elevador até ao restaurante seria já uma viagem nas alturas. Ao contrário do que acontece em alguns restaurantes com estrela Michelin, como a Fortaleza do Guincho ou o LOCO, aqui o menu é entregue na mesa ainda antes de tudo começar, para se ter a certeza de que é do agrado de todos ou se será preciso trocar um ou outro prato. Existem dois menus, o Fifty Seconds (175€) e o Degustação (195€). Avançamos para o segundo, juntamente com a harmonização (135€).

Fifty Seconds by Martin Berasategui
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