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“Um restaurante para quem gosta de comer” que toca o céu (da gastronomia)

18/12/2021

É um dos restaurantes mais altos da cidade e continua a fazer questão de elevar a gastronomia nacional, ao comando do chef executivo Filipe Carvalho. Fomos conhecer a nova carta do Fifty Seconds by Martin Berasategui, em Lisboa.

São 120 metros de altura percorridos em exatamente 50 segundos. No Fifty Seconds by Martin Berasategui, localizado no topo da Torre Vasco da Gama, no Parque das Nações, em Lisboa, a experiência começa precisamente no rés-do-chão quando entramos no elevador envidraçado que nos levará às alturas em menos de um minuto.

Inaugurado em 2018, foi um dos acontecimentos gastronómicos nacionais no ano em que Portugal foi anfitrião da gala da Michelin (cerimónia que premeia, anualmente, os melhores restaurantes de Portugal e de Espanha). Um ano depois, Filipe Carvalho, chef executivo do restaurante do chef basco multi-estrelado Martin Berasategui, recebia uma estrela Michelin, que conserva até hoje.

De lá para cá o que mudou, então? Pouca coisa. A equipa está mais coesa, acredita o chef executivo de 35 anos, natural de Aveiro. Marc Pinto (que passou pelo Lasarte, em Barcelona, com três estrelas Michelin) continua a ser o sommelier; Maria João Gonçalves a chef pasteleira; e Inácio Loureiro (vindo do Fortaleza do Guincho) o chef de sala. Os pratos estão mais depurados do que nunca e a apontar à segunda estrela (que acabou por não chegar na Gala que teve lugar em Valência, no passado dia 14). E a clientela fidelizada.

 

Mas qual é, afinal, a reação de alguém quando entra pela primeira vez na sala envidraçada que oferece uma semi-panorâmica sobre a cidade e o Tejo? No dia em que a SÁBADO visitou o restaurante que fica contíguo ao hotel Myriad by Sana, o nevoeiro e a chuva miudinhade um dia de final de outubro encobriam as vistas. Apesar de estarmos num dos pontos mais altos da cidade, esse impacto ainda não se fazia sentir. A atenção virou-se logo depois para a mesa, quando começaram a chegar os primeiros aperitivos do menu de degustação (€195, sem vinhos) que nos foi proposto.

Dos dois aperitivos servidos, o mil-folhas caramelizado de foie gras, maçã verde e enguia (um clássico de Barasategui) ficou na memória. De sabor intenso foi igualmente a brandade de manzanilla e yuzu, outro dos seus pratos de assinatura. Estava dado o mote para uma refeição que seria pontuada por picos de sabor, de emoção, tal como um bom filme ou livro proporcionam.

 

O carabineiro grelhado com alho negro e puré de limão Meyer é suculento, tenro. A cabeça, recheada de sucos, convida a comer com as mãos, acompanhado por um Villa Oliveira Encruzado, de 2017. O salmonete com escamas crocantes, cevadinha de açafrão e limão, gamba do Algarve e jus de salmonete foi o prato seguinte num almoço prazeroso que se arrastou quase por três horas e meia.

Seria já a caminhar para o fim que provaríamos um verdadeiro ex-libris da casa: o pombo royal com chutney de maçã e funcho, raviolli recheado com duxelle de cepes e molho Périgord. Depois de uma temporada fora do menu, voltou com a adaptação da carta aos tempos mais invernosos. E se os clientes se podem mostrar reticentes em relação à proteína, as dúvidas dissipam-se quando é levado à boca, assegura Filipe numa breve conversa depois da refeição. A carne, rosada num degradê elegante, e o sabor, explicam o motivo de tanto burburinho.

A refeição terminou com uma sobremesa de maçã, gelado de baunilha com trufa negra e noz pecan. Uma coisa podemos aferir, tal como nos viria a declarar daí a instantes Filipe Carvalho: "Somos um restaurante para quem gosta de comer e tentamos ser o mais honestos possíveis com os clientes."

Fonte: Sábado
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